Em uma conquista histórica para a cultura brasileira, as Congadas de Minas Gerais foram oficialmente reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil. Essa vitória, que representa um marco significativo para a preservação das tradições afro-brasileiras, foi impulsionada pelo empenho do ibiaense Anderson Ferreira.
Anderson Ferreira, que exerceu o cargo de secretário de cultura de Ibiá entre 2009 e 2012, tem uma trajetória marcada pela luta da valorização da cultura popular. Antes de seu trabalho em Ibiá, integrou a equipe da Secretaria de Cultura de Uberlândia como Diretor de Patrimônio Histórico, onde, em 2006, junto com seu colega Jeremias Brasileiro, iniciou um trabalho junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para solicitar que as congadas de Minas se tornassem patrimônio cultural do Brasil.
Após 17 anos de esforços e mobilizações, o registro dos “Saberes do Rosário: Reinados, Congados e Congadas” foi aprovado pelo Conselho Consultivo do Iphan. Essa conquista não é apenas a formalização de um título, mas sim o reconhecimento de um bem cultural que representa a rica diversidade da herança africana no Brasil. Os Saberes do Rosário englobam práticas culturais, espirituais e sociais que envolvem a devoção à Nossa Senhora do Rosário e a outros santos, sendo mantidas vivas por diversos grupos, mestres, mestras e lideranças comunitárias.
“Essa conquista reafirma a diversidade do rosto cultural do Brasil, que também é negro, que canta seus louvores, que toca seus tambores e que tem seu modo único de se expressar. O reconhecimento nacional dos Saberes do Rosário nos lembra que, por muito tempo, expressões negras foram ridicularizadas, proibidas e marginalizadas. Com essa certificação, até mesmo a escrita branca, a do papel timbrado, das atas oficiais, das leis que historicamente nos negaram, agora se dobra para reconhecer e celebrar a sabedoria negra. É o Brasil oficial assinando embaixo o que o povo preto já sabia há séculos: que nossos tambores, nossas coroas, nossas festas e nossos saberes, de Rosários, Beneditos e Efigênias, são pilares desta nação”, afirmou Alessandro Terras Altas, Ibiaense, Multiartista.
Para Andréa do Couto Ferreira, funcionária do Setor de Patrimônio e Memória da Secretaria Municipal de Cultura de Ibiá, “o registro como Patrimônio Cultural do Brasil reforça a importância da valorização e promove a consciência sobre a preservação cultural. Além disso, mantém viva a memória da história de um povo, sua comunidade, os acontecimentos formadores, suas tradições e expressões culturais”.
A luta de Anderson Ferreira e de tantos outros que se dedicaram à causa é um testemunho da importância da preservação das tradições que conectam o povo brasileiro às suas origens. Com esse reconhecimento, espera-se que as Congadas de Minas continuem a ser celebradas e respeitadas, fortalecendo a identidade cultural do país e garantindo que as futuras gerações conheçam e valorizem suas raízes.
